Lulistas veem oportunidade na pré-candidatura de Flávio Bolsonaro

Integrantes do governo Lula (PT) interpretam o anúncio de Flávio Bolsonaro (PL) como candidato à presidência como uma chance de estreitar laços com partidos do centrão, independentemente da seriedade da candidatura.

Embora haja divergências sobre as reais intenções do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao promover seu filho, aliados de Lula enxergam uma oportunidade de atrair partidos que fazem parte da atual coalizão governamental, mas que estavam inclinados a apoiar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Conforme reportado pela coluna Painel, da Folha de S.Paulo, integrantes do centrão acreditam que a estratégia de Bolsonaro visa garantir a sobrevivência política da família e pode resultar em um isolamento da candidatura de Flávio.

A dispersão dos votos da direita poderia facilitar a busca por acordos com os partidos centristas, semelhante ao que ocorreu em 2022 com o PSD.

Dentro do governo, existem duas correntes de pensamento sobre a candidatura de Flávio. Uma parte acredita que Jair Bolsonaro busca preservar seu capital político até o próximo ano, o que beneficiaria Flávio em sua tentativa de reeleição ao Senado. A outra corrente considera que a candidatura de Flávio é genuína, visando consolidar o capital político da família, mesmo que isso implique uma derrota para Lula.

Alguns aliados de Lula especulam que a candidatura de Flávio, na verdade, estaria mirando nas eleições de 2030, assumindo que o adversário de Lula no segundo turno, caso reeleito, se tornaria um nome forte para as próximas eleições.

Esses apoiadores de Lula concordam que o nome de Bolsonaro voltou a ser central no debate eleitoral, especialmente quando Tarcísio estava recebendo destaque na direita. O presidente tem enfatizado que não escolhe adversários, mas sua estratégia de comunicação pode precisar de ajustes para se focar mais nas comparações com a gestão Bolsonaro.

O ministro da Secretaria Geral, Guilherme Boulos, provocou Flávio em suas redes sociais, relembrando a vitória de Lula sobre Bolsonaro em 2022 e alfinetando sobre um possível debate.

Apesar de reconhecerem a possibilidade de Flávio ser um adversário, os petistas hesitam em se organizar para a campanha, aguardando uma definição mais clara sobre a candidatura. Dirigentes do PT acreditam que o cenário político bolsonarista está em constante mudança e que o mais prudente seria esperar até o meio do ano que vem para tomar decisões.

Se a candidatura de Flávio se firmar, os aliados de Lula acreditam que isso poderá aumentar as chances do presidente de conseguir apoio de outras legendas, já que Flávio carrega um elevado nível de rejeição.

Petistas também notam que uma candidatura de Flávio poderia fortalecer candidatos a governador, senador e deputado em regiões onde Bolsonaro teve desempenho fraco nas eleições de 2022.