Divisões Marcam Aliança entre União Brasil e PP
Aproximação com líderes investigados gera apreensão e desfiliações em diversos estados

BRASÍLIA, DF - A federação entre União Brasil e PP, formada há sete meses, enfrenta um crescente número de divergências internas. As tensões aumentam com a proximidade de seus líderes, Ciro Nogueira e Antonio Rueda, com Daniel Vorcaro e Ricardo Magro, ambos alvo de investigações recentes.
Políticos dos dois partidos, além de outros, estão preocupados que as relações de Nogueira e Rueda com Vorcaro, preso no dia 17 por acusações de emissão de títulos de crédito falsos, possam comprometer as candidaturas da federação e a imagem da direita em geral.
Nesta quinta-feira (27), a Receita Federal, em colaboração com polícias estaduais, realizou uma operação contra o Grupo Fit, antiga Refit, e seu controlador, Ricardo Magro, acusado de sonegação e fraude, que teria gerado um prejuízo estimado em R$ 26 bilhões. Magro, que não respondeu à assessoria, já havia declarado em entrevista que suas empresas não sonegam.
Ainda não houve operações contra políticos, e os casos estão sendo tratados na primeira instância do Judiciário. Parlamentares do centrão afirmam que a concentração de poder nas mãos de Rueda e Nogueira pode impactar as candidaturas da aliança.
Apesar das preocupações, membros do PP e do União Brasil minimizam os riscos, argumentando que Vorcaro tinha relações com diversos políticos em Brasília, incluindo membros do PT, e que outros líderes também estão envolvidos em casos semelhantes.
As tensões não se limitam a questões de imagem, mas se refletem em disputas sobre a liderança dos diretórios estaduais da federação, que influenciarão alianças políticas e candidaturas. A federação exige que os partidos formem chapas juntos em duas eleições consecutivas, o que pode resultar em um fortalecimento de sua posição no Congresso.
Inicialmente focada nas eleições presidenciais, a federação agora busca maximizar o número de deputados e senadores eleitos, com mudanças na estratégia de Nogueira, que recentemente indicou um foco nas eleições para o Senado no Piauí, abandonando planos nacionais.
Entretanto, as divergências permanecem, com um terço dos estados ainda sem definição de liderança. Ciro Nogueira e Rueda deverão decidir sobre a liderança dos estados em disputa nos próximos meses, mas a falta de consenso pode levar a mais desfiliações.
Recentemente, o senador Alan Rick deixou o União Brasil para concorrer ao governo do Acre, enquanto na Paraíba, o prefeito Cícero Lucena se afastou do PP. No Paraná, a rivalidade entre grupos já resultou na saída de deputados.
Apesar das dificuldades, as lideranças das duas siglas afirmam que a federação é irreversível e que seguirão em frente com os planos para as eleições de 2026, atribuindo a demora na formalização ao trâmite burocrático e erros administrativos que já foram corrigidos.