Disputa no Senado: Bolsonaristas criticam Derrite e apoiam Mello Araújo
Após reações negativas à proposta contra facções, coronel Mello Araújo surge como alternativa ao Senado em 2026

SÃO PAULO, SP - A atuação de Guilherme Derrite (PP-SP) como relator de um projeto de lei voltado ao combate a facções criminosas gerou descontentamento entre os bolsonaristas, que agora veem no vice-prefeito de São Paulo, coronel Mello Araújo (PL), uma potencial candidatura ao Senado nas eleições de 2026.
Aliados de Jair Bolsonaro (PL) criticaram Derrite por não ter buscado um consenso sobre a viabilidade jurídica de sua proposta antes de sua apresentação, o que resultou em críticas e um recuo em sua posição.
As propostas de endurecimento das penas para criminosos e de aumento das garantias legais para as forças de segurança sempre foram bandeiras da direita, e havia a expectativa de que Derrite utilizasse o projeto como um trunfo eleitoral. O cenário parecia favorável, especialmente após a repercussão positiva da operação policial no Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho, que resultou em 121 mortes no dia 28 de outubro.
Um bolsonarista, que pediu anonimato, revelou que Derrite foi aconselhado a consultar especialistas do grupo para validar tecnicamente seu texto, mas ele optou por não seguir essa sugestão, ressaltando sua experiência de mais de 20 anos na Polícia Militar no combate ao crime organizado.
No plenário da Câmara, Derrite defendeu sua proposta e, emocionado, se dirigiu a familiares de policiais mortos na operação do Rio. "Por que o governo federal e alguns políticos estão criticando isso? Porque não conseguem debater o texto comigo", afirmou, em lágrimas.
Críticas também foram direcionadas ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que, segundo a percepção de bolsonaristas, não se articulou com os parlamentares nem ofereceu apoio público a Derrite após o início das contestações. O Palácio dos Bandeirantes, porém, discorda dessa visão, afirmando que o apoio ao projeto está garantido.
Os planos da centro-direita incluíam eleger tanto Derrite quanto Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ao Senado em 2026, mas a situação mudou com a saída de Eduardo para os Estados Unidos em março, o que gerou incertezas sobre sua candidatura. Com isso, o nome de Mello Araújo passou a ganhar força entre os apoiadores de Bolsonaro.
Embora Mello tenha negado sua participação em articulações, ele afirmou que poderia concorrer se for essa a decisão de Bolsonaro. Em defesa de Eduardo, Mello Araújo afirmou: "Espero que o Brasil volte ao rumo. Um país democrático deve ter Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro nas eleições".
Até o momento, Derrite não se pronunciou sobre as críticas recebidas, segundo sua assessoria.