Defesas de réus do núcleo militar contestam acusação de plano para assassinar Moraes
Advogados afirmam que a denúncia não especifica as ações dos réus; votos dos ministros devem ser divulgados na próxima semana

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - As defesas de quatro réus do núcleo militar envolvidos em um suposto plano golpista negaram, em audiência na Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal), a participação deles no projeto de assassinato do ministro Alexandre de Moraes e do presidente Lula (PT).
O julgamento teve início na última terça-feira (11), com a apresentação dos argumentos de seis acusados e a manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR).
A maioria dos denunciados é composta por oficiais do Exército com formação em forças especiais. Os ministros devem expor seus votos na próxima semana.
O advogado Jeffrey Chiquini, que representa o tenente-coronel Rodrigo Bezerra de Azevedo, destacou que seu cliente é o único réu presente pessoalmente nas sessões. Azevedo está detido há 11 meses e é acusado de integrar uma operação clandestina para assassinar Moraes em Brasília, programada para ocorrer em 15 de dezembro de 2022.
A Polícia Federal identificou dois integrantes do grupo que supostamente atuou nesse plano. Azevedo, que usaria o codinome "Brasil", estaria entre eles. Documentos apresentados pela defesa e por outros veículos de comunicação mostram que ele estava trabalhando em um quartel em Goiânia durante o período do suposto crime.
O advogado argumentou que a principal evidência contra Azevedo é um celular utilizado no plano, que foi ativado duas semanas depois do ocorrido. "Ele colocou o chip em um celular que teria sido usado em uma ação clandestina. O que mais há contra ele?", questionou Chiquini.
O tenente-coronel também foi defendido por Lissandro Sampaio e João Carlos Dalmagro Junior, que alegaram que a PGR deveria rebaixar a acusação contra ele, considerando que ele apenas incitou o crime, sem estar diretamente envolvido.
Igor Laboissieri, advogado do tenente-coronel da reserva Sérgio Ricardo Cavaliere, contestou a acusação de que seu cliente teria enviado um texto apócrifo de tom golpista a seus superiores, argumentando que isso não implica concordância com o conteúdo.
Por fim, a defesa de Wladimir Matos Soares, policial federal, enfatizou sua desconexão com os demais réus, descrevendo a denúncia como falha e sem individualização das condutas. A acusação sustenta que Wladimir monitorava a segurança de Lula durante a transição de governo, mas a defesa rebateu, destacando que não havia vínculos diretos com os outros acusados.