Chefe de Gabinete de Moraes Inspeciona Presídio da Papuda Antes de Julgamento de Recursos de Bolsonaro
Visita ocorre em meio ao processo judicial que envolve o ex-presidente e outros condenados pela tentativa de golpe em 2022.
BRASÍLIA, DF - Na última semana, a chefe de gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), realizou uma vistoria nas instalações da Papuda, conforme informado por fontes ligadas ao sistema penitenciário de Brasília. Cristina Kusahara foi acompanhada pela juíza Leila Cury, que comanda a Vara de Execuções Penais do Distrito Federal.
A inspeção, que incluiu três locais distintos dentro do presídio, aconteceu às vésperas do julgamento de recursos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros seis condenados pela liderança da trama golpista de 2022. A Primeira Turma do STF analisará os embargos de declaração a partir de sexta-feira (7), um mecanismo que permite às defesas questionarem contradições nas sentenças.
Durante a vistoria, que se prolongou especialmente na Penitenciária do Distrito Federal número 1 (PDF 1), os representantes do complexo penitenciário apresentaram salas preparadas para prisões especiais. A unidade, destinada a presos em regime fechado, possui quatro blocos, incluindo um de segurança máxima, e oferece áreas para reintegração social e atividades previstas na Lei de Execução Penal.
A visita de Cristina Kusahara também incluiu o 19º Batalhão de Polícia Militar do Distrito Federal, local onde o ex-ministro Anderson Torres permaneceu preso preventivamente. Um policial penal destacou que a visita mobilizou todos os blocos da PDF 1.
O Governo do Distrito Federal expressou preocupação com a possibilidade de Bolsonaro ser enviado à Papuda após a conclusão do processo judicial. Na segunda-feira (3), o secretário de Administração Penitenciária, Wenderson Souza e Teles, enviou um ofício a Moraes pedindo uma avaliação médica para o ex-presidente antes de sua possível prisão, considerando suas condições de saúde após cirurgias no abdômen nos últimos anos.
A decisão sobre a destinação prisional de Bolsonaro e dos outros condenados será exclusivamente de Moraes, e o anúncio ocorrerá após a análise dos recursos. Bolsonaro, que foi condenado a 27 anos e três meses de prisão, é o primeiro ex-presidente do Brasil a ser penalizado por golpe de Estado. As opções mais prováveis para sua detenção incluem a Papuda, uma cela na Superintendência da Polícia Federal ou prisão domiciliar.
Ministros do Supremo descartaram a possibilidade de prisão em unidade militar, visando evitar novas aglomerações semelhantes aos acampamentos golpistas que surgiram após as eleições de 2022. A defesa de Bolsonaro, enquanto isso, se mantém otimista quanto à reversão do quadro judicial.