Assessora é investigada por direcionamento de emendas a pedido de Lira, afirma STF
Suspeitas incluem peculato e corrupção; defesa alega atuação técnica e apartidária.

BRASÍLIA, DF - Uma decisão recente do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou buscas e a quebra de sigilo da assessora Mariângela Fialek, conhecida como Tuca, que é suspeita de ter direcionado emendas parlamentares sob ordens do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira.
Na avaliação de Dino, depoimentos de parlamentares indicam que Tuca 'atua diretamente na operacionalização do encaminhamento de emendas', supostamente em nome de Lira. Além disso, foi observado que, mesmo após mudanças na presidência da Câmara, ela continuou exercendo suas funções.
A decisão destaca indícios de que Tuca poderia fazer parte de uma estrutura organizada para direcionar irregularmente emendas parlamentares, supostamente sob ordens da antiga presidência da Casa, liderada por Lira, que ainda está sob investigação.
A defesa de Tuca, que atualmente ocupa um cargo na liderança do PP, defendeu a assessora afirmando que seu trabalho é técnico e apartidário, negando qualquer irregularidade. Lira não se pronunciou sobre a operação.
Para justificar a operação, chamada de Transparência, Dino se baseou em quebras de sigilo anteriores e depoimentos de diversos parlamentares. A Procuradoria-Geral da República (PGR) apoiou a operação, indicando que existem fortes indícios da atuação ilícita de Fialek.
Entre as solicitações da Polícia Federal (PF) está a busca e apreensão no local de trabalho de Tuca, na Câmara dos Deputados, considerada crucial para aprofundar as investigações em curso. Dino também determinou que Tuca seja afastada de qualquer atividade relacionada a emendas parlamentares até a conclusão das investigações.
A PF investiga suspeitas de peculato, falsidade ideológica, uso de documento falso e corrupção. Em nota, os advogados de Tuca reafirmaram que ela é uma profissional experiente e sem histórico partidário, responsável pela organização das emendas conforme as diretrizes da presidência e líderes partidários.
Além disso, a defesa destacou que todas as informações sobre as indicações de emendas são públicas e acessíveis através do Portal da Transparência.
No final de 2024, o STF abriu um inquérito sobre o pagamento de R$ 4,2 bilhões em emendas pela Câmara, após novas evidências apresentadas pelo PSOL, que levantou preocupações sobre a falta de transparência nas chamadas emendas de comissão.