Lula em Dificuldades Após Megaoperação Letal no Rio de Janeiro
Ação policial levanta questionamentos sobre a gestão do presidente e reativa discursos da direita.

A segurança pública ganhou destaque nas discussões do governo Lula (PT) após a megaoperação contra a facção Comando Vermelho no Rio de Janeiro, que resultou em 121 mortes e se tornou a mais letal da história do país. O ocorrido gerou uma movimentação entre aliados do presidente, que temem os impactos na imagem de sua administração.
Realizada na terça-feira (28), a operação foi vista como um sucesso por 57% dos moradores da capital e da região metropolitana, segundo pesquisa Datafolha. No entanto, a ação, apoiada pelo governo do opositor Claudio Castro (PL), desviou a atenção de temas políticos que estavam em pauta, como as negociações em torno de propostas tributárias.
A operação também unificou a retórica da direita, que estava fragmentada após os recentes conflitos envolvendo Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e a condenação de Jair Bolsonaro (PL). O governo federal, que esperava pautar sua campanha para o quarto mandato de Lula com temas como justiça tributária, viu sua agenda ser desestabilizada.
Diferentemente do que seria esperado, Lula não criticou a ação policial e evitou fazer declarações que pudessem ser utilizadas por opositores. Na noite de terça, ele se manifestou nas redes sociais, mencionando um “trabalho coordenado” contra o tráfico de drogas sem expor inocentes a riscos.
Além disso, o governo celebrou a sanção de um projeto de lei que prevê penas para quem planeja ataques a autoridades no combate ao crime organizado, uma proposta de autoria do ex-juiz Sergio Moro (União Brasil-PR), que anteriormente condenou Lula. Essa mudança de postura é notável, uma vez que a esquerda tradicionalmente critica o endurecimento das leis penais.
Os governadores de direita, que se reuniram no Rio para apoiar Castro, anunciaram a formação de um “Consórcio da Paz” para unir esforços contra o crime organizado, o que gerou reações críticas de aliados de Lula, que enxergam essa aliança como uma tentativa de desviar a atenção do governo federal.
Enquanto isso, um auxiliar de Lula avalia que a operação no Rio representa uma oportunidade para a direita, que estava em uma posição vulnerável. Apesar das preocupações sobre o impacto negativo para o governo, há a crença de que o tema da segurança pública não é, por si só, um determinante para resultados eleitorais.
O governo pretende reafirmar seu compromisso em combater o crime de forma inteligente, citando a Operação Carbono Oculto, que demonstrou a infiltração do PCC no setor de combustíveis em São Paulo. Para entender a percepção pública sobre a operação, o PT encomendou duas pesquisas, uma presencial e outra digital, para melhor enfrentar a narrativa da oposição.