Indicação de Jorge Messias ao STF gera tensão entre governo e Senado
Preferência por Rodrigo Pacheco por parte de senadores dificulta aprovação do advogado-geral da União

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A indicação de Jorge Messias, advogado-geral da União, para ocupar a vaga deixada por Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal (STF) tem gerado tensões na relação entre o governo Lula e o Senado. A necessidade de conquistar os 41 votos para sua aprovação fez com que Messias iniciasse uma verdadeira mobilização entre os senadores.
O nome de Messias foi formalizado no dia 20 de novembro, mas a nomeação, prerrogativa do Executivo, ainda depende do Legislativo, que inclui uma sabatina na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e a aprovação em plenário por maioria dos 81 senadores. A expectativa é que as votações ocorram no dia 10 de dezembro.
A relação entre Lula (PT) e o Senado, essencial para a governabilidade neste terceiro mandato, se complicou devido à preferência do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e de outros senadores pela indicação do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que foi ignorado por Lula em favor de Messias, que tem sua candidatura ao governo de Minas Gerais em 2026 como prioridade.
Dentro do STF, a indicação de Messias também enfrenta resistência. Ministros como Flávio Dino, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes manifestaram preferência por Pacheco, o que intensifica os desafios para a aprovação de Messias.
Após a indicação, o AGU teve que se deslocar pelo Senado e, além disso, enfrentou retaliações, como a aprovação de uma pauta-bomba que pode gerar um impacto de R$ 25 bilhões nos próximos dez anos ao regulamentar aposentadorias especiais para agentes de saúde. Messias, que é membro da Igreja Batista, conta com o apoio de congressistas evangélicos, mas sua aceitação é questionada entre os próximos ao bolsonarismo.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, fez campanha aberta em favor de Pacheco e expressou descontentamento com a escolha de Messias. Em resposta, o indicado de Lula elogiou publicamente Alcolumbre, que ironizou a declaração, dizendo: "Começou bem".
A sabatina de Messias na CCJ será conduzida pelo senador Otto Alencar (PSD-BA), com a relatoria a cargo de Weverton Rocha (PDT-MA), ambos aliados de Lula e Pacheco. Rocha, em entrevista ao jornal O Globo, afirmou que não há resistência ao AGU e que ele atende todos os critérios necessários para o cargo.
O líder do governo no Senado, Wagner, é considerado um dos principais articuladores da indicação de Messias, embora sua relação com Alcolumbre seja conturbada. O apoio a Messias também foi manifestado por Marcos Pereira, presidente do Republicanos, que acredita que o indicado dignificará o tribunal.
Entretanto, a filiação religiosa de Messias é um ponto de divisão entre os evangélicos. Embora alguns senadores tenham manifestado apoio, outros minimizam a importância de sua vida religiosa, alegando que não serve como justificativa para sua aprovação. O senador Jorge Seif (PL-SC) afirmou que "a fé cristã não serve como escudo para práticas incompatíveis com o Evangelho".
A oposição, que vê em Messias