Governo Lula celebra recuo de Derrite em proposta que limita a PF
Decisão do relator do PL antifacção é vista como um revés para a direita e fortalece a posição do Executivo

BRASÍLIA, DF - O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seus aliados consideraram a tentativa da direita de restringir as funções da Polícia Federal (PF) no relatório inicial do projeto de lei antifacção, apresentado por Guilherme Derrite (PP-SP), um erro estratégico. Essa proposta é uma das principais apostas do Executivo para a segurança pública.
As críticas ao relatório de Derrite surgiram rapidamente entre membros do governo, especialistas e juristas, especialmente após a crise de segurança que se intensificou com a operação no Rio de Janeiro, no final de outubro. O relator, escolhido pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), é secretário de Segurança do governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos), um potencial rival de Lula nas próximas eleições.
Após a divulgação do relatório, que incluía propostas para equiparar facções criminosas a grupos terroristas e reduzir as atribuições da PF, o governo intensificou sua oposição. A estratégia incluiu a produção de vídeos pela Secretaria de Comunicação (Secom) para explicar os problemas do texto e mobilizar apoio popular em defesa da PF.
Em resposta ao clamor público negativo, Derrite recuou em pontos polêmicos, incluindo a questão das competências da PF. Ele afirmou que as alterações eram uma resposta à sociedade, não ao governo, e insistiu que sua abordagem era uma estratégia.
Embora aliados de Motta reconheçam a escolha arriscada de Derrite como relator, a manobra foi vista como necessária para demonstrar independência em um momento de críticas ao presidente da Câmara. Motta se posicionou como mediador entre Derrite e o governo, buscando um consenso.
Com a mudança de postura de Derrite, o governo acredita ter revertido os danos à sua imagem e influenciado o debate público. No entanto, permanece a cautela quanto à votação do projeto, prevista para esta quarta-feira (12), uma vez que a oposição pode tentar novas modificações.
Apesar das críticas, Derrite também se beneficiou com maior visibilidade em um cenário onde é cogitado como candidato ao Senado ou ao governo de São Paulo no próximo ano, sendo apoiado por líderes de partidos como PP e MDB.