Economia2 min de leitura

Garimpo Ilegal Ameaça Reservas de Manganês no Brasil, Quarta Maior do Mundo

Crescimento da demanda por veículos elétricos eleva a importância deste mineral estratégico.

Economia2 min de leitura
Garimpo Ilegal Ameaça Reservas de Manganês no Brasil, Quarta Maior do Mundo

Publicidade

Espaço reservado para anúncio

O Brasil abriga a quarta maior reserva de manganês do planeta, mas enfrenta graves problemas com a exploração ilegal por garimpeiros. Este mineral, crucial para a fabricação de baterias de veículos elétricos, está sob crescente pressão devido à demanda global.

Informações não oficiais apontam que cerca de 30% da produção nacional de manganês está nas mãos de garimpeiros, especialmente no sudeste do Pará, onde se localizam as maiores reservas. Executivos do setor relatam frequentes invasões por parte desses grupos, que muitas vezes agem impunemente.

Um executivo de uma grande mineradora revelou que, em cinco meses, garimpeiros conseguiram extrair 10% de suas reservas em Carajás. Em outro caso, bandidos armados tomaram o controle de partes da operação de uma mineradora, forçando vigilantes a se retirarem.

A Vale, uma das maiores mineradoras do Brasil, é uma das principais denunciantes dessas invasões. De acordo com fontes internas, as atividades ilegais prejudicaram projetos da empresa entre 2012 e 2020, levando-a a vender direitos minerários para se concentrar em minério de ferro.

Apesar das denúncias, a Vale enfrenta pressão do governo para abrir mão de reservas que não tem interesse comercial, em um cenário onde a fiscalização pela Agência Nacional de Mineração (ANM) é ineficaz.

O manganês é utilizado, em sua maior parte, por siderúrgicas para a produção de aço. No entanto, com o crescimento da indústria de veículos elétricos, há uma expectativa de aumento na demanda por produtos refinados, o que pode elevar o valor do mineral. Atualmente, o manganês destinado à siderurgia é vendido a cerca de R$ 300 por tonelada, enquanto o sulfato de manganês, usado nas baterias, alcança preços em torno de US$ 800 (R$ 4.302).

Os garimpeiros, por sua vez, extraem o manganês de forma bruta, sem qualquer processo de refino, o que limita seu valor agregado. As operações ilegais costumam seguir um padrão logístico onde o minério é extraído e vendido para intermediários, que o repassam para empresas legais, criando uma rede de lavagem de dinheiro.

Na região, a presença de garimpeiros é tão forte que bairros inteiros, como a Vila União em Marabá, estão sob seu domínio. Além disso, muitos políticos locais têm vínculos com esses grupos, evidenciando a relação entre crime e política na área.

O mercado legal de manganês no Brasil tem enfrentado dificuldades, com grandes mineradoras reduzindo suas operações devido a questões econômicas e exaustão de minas. A Vale, por exemplo, parou de extrair manganês em Carajás e já vendeu suas operações em outros estados.

Enquanto isso, a empresa RMB planeja investir R$ 240 milhões para produzir 400 mil toneladas de manganês em Carajás, mas enfrenta o desafio do garimpo ilegal que já extraiu milhões de toneladas de suas reservas.