Futuro do Acordo UE-Mercosul em Jogo em Reuniões Cruciais em Bruxelas
Decisões podem impactar a assinatura do tratado que visa criar uma das maiores zonas de livre comércio do mundo.

BRUXELAS, BÉLGICA (FOLHAPRESS) - O futuro do acordo entre a União Europeia e o Mercosul pode ser definido em duas reuniões que acontecem nesta quinta (18) e sexta-feira (19), em Bruxelas. As discussões são cercadas por tensões, com cerca de 10 mil ruralistas planejando protestos contra o tratado, que teve suas negociações iniciadas em 1999.
Um bloco liderado pela França, agora com o apoio da Itália, defende o adiamento da aprovação do acordo, enquanto países como Alemanha, Espanha e nações nórdicas pressionam pela ratificação imediata, alertando sobre as consequências de uma possível procrastinação.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que, caso o tratado não seja assinado até o sábado (20) no Brasil, sua conclusão não ocorrerá durante seu mandato.
As reuniões incluem o Conselho Europeu, que reúne líderes dos Estados membros para discutir questões políticas, e o Conselho da União Europeia, que trata de legislações e acordos internacionais. Embora o tratado não esteja oficialmente na pauta do Conselho Europeu, é provável que o tema seja abordado devido à sua relevância e à polêmica que gerou.
Além do Mercosul, a principal questão em pauta é a viabilização de um empréstimo à Ucrânia, que tem gerado divisões entre os membros da UE. A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, pode ter um papel decisivo nas discussões, especialmente na tentativa de equilibrar as vozes contrárias à proposta do empréstimo.
Para que o acordo UE-Mercosul seja aprovado, é necessário alcançar uma maioria qualificada no Conselho da UE, composto por 27 países. Se a França conseguir formar uma minoria de bloqueio, o debate poderá ser adiado, dificultando a aprovação do tratado.
O governo brasileiro aguarda a confirmação da presença de Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, na cerimônia de assinatura do acordo em Brasília, prevista para sábado, o que impõe um prazo para que as negociações em Bruxelas sejam concluídas.