Estratégias do PL para o período eleitoral sem Bolsonaro incluem bonecos e tecnologia
Com ex-presidente preso, partido busca alternativas para manter influência nas eleições

SÃO PAULO, SP E BRASÍLIA, DF - A prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) levou os líderes do partido a buscarem alternativas para contornar sua ausência nas campanhas do próximo ano. As estratégias variam desde a utilização de bonecos de papelão em eventos do partido até o uso de inteligência artificial para simular o apoio do ex-presidente a candidatos da legenda.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, foi um dos responsáveis por sugerir o uso de tecnologia para criar conteúdos com a imagem de Bolsonaro. No entanto, a proposta enfrenta resistência interna, com preocupações sobre a possibilidade de candidatos não autorizados utilizarem a imagem do ex-presidente, o que poderia resultar em desinformação.
Juliano Maranhão, professor de Direito na USP, afirmou que o uso de inteligência artificial deve ser regulado e claramente identificado nas publicações, conforme as normas do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Ele alertou que qualquer material que possa induzir o eleitor a pensar que Bolsonaro está livre pode ser considerado enganoso.
Desde a prisão em agosto, integrantes do PL têm utilizado montagens e imagens do ex-presidente para se mostrar próximos a ele. O vice-prefeito de São Paulo, coronel Mello Araújo (PL), publicou montagens em apoio a Bolsonaro, enquanto eventos do partido têm sido decorados com imagens de papelão do ex-presidente.
Com a proximidade das eleições municipais de 2024, os candidatos que dependem mais do bolsonarismo, mas não têm uma base eleitoral sólida, podem ser os mais afetados pela ausência do ex-presidente. Figuras como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL) têm suas próprias campanhas para se concentrar, o que limita seu envolvimento em apoiar outros candidatos.
Além disso, a possibilidade de uma eleição conturbada para a direita tem gerado apreensão entre os aliados de Bolsonaro, que já mencionam a prisão como um fator que pode dificultar as campanhas. A narrativa de que Bolsonaro é alvo de uma perseguição política é utilizada como justificativa para sua prisão e para o apelo por um sucessor que possa representar o legado do ex-presidente nas próximas eleições.
Por fim, a associação com Bolsonaro pode impactar negativamente a aceitação de alguns candidatos nas eleições, como é o caso do governador Tarcísio de Fretas (Republicanos), que é considerado uma evolução do bolsonarismo e poderá usar sua história ao lado de Bolsonaro nas campanhas.