Dólar em queda e Bolsa alcança 155 mil pontos com esperança de fim da paralisação nos EUA
Expectativa de normalização nos mercados anima investidores após avanço em proposta de financiamento do governo americano.

O dólar apresenta uma queda nesta segunda-feira (10), enquanto os investidores estão otimistas com a possibilidade de encerramento da paralisação do governo dos Estados Unidos.
No último domingo, o Senado norte-americano avançou com um projeto que visa financiar as atividades governamentais até o fim de janeiro. Para que a proposta seja aprovada, ainda precisa passar pela Câmara dos Representantes e ser sancionada pelo presidente Donald Trump, um processo que pode levar alguns dias.
A expectativa pela conclusão do que é considerado o maior shutdown da história dos EUA trouxe ânimo aos mercados financeiros, elevando a aversão ao risco dos investidores. O dólar perdeu força em relação à maioria das moedas, enquanto as bolsas de valores ao redor do mundo registraram expressivos ganhos.
Por volta das 14h19, a moeda americana estava cotada a R$ 5,317, com uma redução de 0,33%. Em contrapartida, a Bolsa brasileira teve um aumento de 0,55%, alcançando 154.924 pontos, se aproximando de um novo recorde, atingindo 155.601 pontos durante o pregão - a primeira vez que o índice ultrapassa a marca dos 155 mil pontos.
O Senado deu um passo importante ao permitir que a proposta que busca reabrir o governo avance, após a colaboração de um grupo de senadores democratas que decidiu romper a obstrução do partido. A votação, que terminou com 60 votos a favor e 40 contra, abre caminho para mais discussões no Congresso. A proposta, que financiará a maior parte das agências federais até janeiro, ainda precisa ser debatida e aprovada pelo plenário do Senado e pela Câmara, além de aguardar a assinatura de Trump.
A possível normalização dos serviços governamentais é vista como uma boa notícia para os mercados, que foram impactados pela paralisação, resultando em atrasos em voos, licença não remunerada para centenas de milhares de servidores e incertezas sobre a divulgação de dados econômicos essenciais, como inflação e desemprego. A falta de dados tem dificultado as decisões do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, em relação à política monetária.
A perspectiva de fim do shutdown traz alívio para a economia americana, favorecendo ações e moedas de mercados emergentes, incluindo o real brasileiro. Marco Ribeiro Noernberg, sócio e estrategista de renda variável da Manchester, destaca que o Ibovespa busca manter o bom desempenho dos últimos pregões, mirando no 11º recorde consecutivo.
A agenda da semana traz eventos que podem afetar os mercados, como a divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e os dados de inflação do IPCA referentes ao mês de outubro. Essas informações podem influenciar a política de juros no Brasil.
Além disso, a diferença nas taxas de juros entre Brasil e Estados Unidos impacta diretamente o mercado de câmbio. A queda das taxas nos EUA, aliada a uma Selic alta, pode incentivar estratégias de investimento que favorecem a valorização do real.
No entanto, taxas de juros elevadas podem desestimular investimentos em renda variável, levando os investidores a optar por aplicações mais seguras na renda fixa.