Divisão no grupo de Hugo Motta afeta aliança política na Paraíba
Cícero Lucena se filia ao MDB e lança candidatura ao governo, criando tensão entre aliados.

RECIFE, PE (FOLHAPRESS) - O grupo político liderado pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), enfrenta uma ruptura significativa após o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, anunciar sua filiação ao MDB. Essa mudança sinaliza a intenção de Lucena de concorrer ao Governo da Paraíba em 2026, desafiando o atual vice-governador, Lucas Ribeiro (PP), que é sobrinho de Aguinaldo Ribeiro, uma figura proeminente do centrão no Congresso.
A decisão de Cícero fragilizou a unidade que havia sido estabelecida entre Motta e outros membros da base aliada do governador João Azevêdo (PSB), que deve deixar o cargo em abril para se candidatar ao Senado. A aliança inicial previa o prefeito de Patos, Nabor Wanderley (Republicanos), como candidato a senador, ao lado de Azevêdo.
Inicialmente, Hugo Motta era cogitado para a candidatura ao Senado, mas, ao assumir a presidência da Câmara, decidiu focar na reeleição e na manutenção de sua posição à frente da Casa. Nos bastidores, aliados reconhecem que Nabor enfrentará uma disputa difícil. A previsão é que Azevêdo seja um dos favoritos para garantir uma das vagas ao Senado, enquanto Nabor deve disputar a outra com os candidatos Veneziano Vital do Rêgo (MDB) e Marcelo Queiroga (PL), que já foi derrotado nas eleições municipais de 2024.
Veneziano, aliado do presidente Lula (PT), busca apoio para superar o tabu de quase 30 anos sem reeleições para o Senado na Paraíba. A filiação de Cícero ao MDB, que será oficializada em evento na próxima segunda-feira (17), é vista como um movimento estratégico que pode fortalecer sua candidatura ao governo e complicar a situação de Veneziano, que enfrenta dificuldades para estabelecer seu palanque político.
Cícero foi reeleito prefeito em 2024 e, ao deixar o PP, fortalece sua candidatura ao governo. Sua movimentação desagradou Aguinaldo Ribeiro, que se sentiu traído, lembrando que lançou Cícero como candidato em 2020, quando ele estava distante da política.
Enquanto isso, Veneziano, que se tornou um novo aliado de Cícero, tem buscado articular ações entre prefeitos paraibanos e o governo federal, enquanto Nabor conta com o apoio de Hugo Motta. Queiroga, por outro lado, aposta no voto ideológico do bolsonarismo e critica os candidatos adversários, afirmando que eles são mais focados em emendas do que em propostas.
A candidatura ao governo do PL deverá ser liderada por Efraim Filho (União Brasil), que já se distanciou do governo Lula e busca uma aproximação com o bolsonarismo, enquanto Pedro Cunha Lima, do PSD, pode ser cogitado para uma candidatura a vice na chapa de Cícero.
Com Pedro ao seu lado, Cícero poderia contar com o apoio das duas principais cidades da Paraíba, João Pessoa e Campina Grande. Lucas Ribeiro, por sua vez, possui como trunfo a estrutura do governo estadual durante a campanha, junto com apoio de seu partido e do PSB, que já elegeu 139 dos 223 prefeitos nas últimas eleições.
Ambos, Cícero e Lucas, estão em