Defesa de Filipe Martins responsabiliza Cid por narrativa da PGR na tentativa de golpe
Advogado nega influência sobre a PRF e alega irregularidades nas acusações contra seu cliente

BRASÍLIA, DF - Durante a sessão de julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (9), as defesas dos réus envolvidos na tentativa de golpe que ocorreu após as eleições de 2022 negaram qualquer participação em irregularidades. Os acusados, que ocupavam posições estratégicas durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), se manifestaram em resposta ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, que reiterou o pedido de condenação.
Entre os principais réus estão o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, o general Mário Fernandes e Filipe Martins, ex-assessor para Assuntos Internacionais da Presidência. Martins esteve presente na audiência e, por meio de seu advogado, Jeffrey Chiquini, atribuiu a responsabilidade pela tentativa de golpe ao tenente-coronel Mauro Cid, afirmando que ele controlou a narrativa das acusações.
“Filipe Martins foi preso por uma viagem que não fez -por culpa de Mauro Cid- e será julgado por reuniões que não participou -por culpa de Mauro Cid”, defendeu Chiquini. Martins foi detido em 2024 após a PF identificar seu nome em uma lista de passageiros de uma viagem que levaria Bolsonaro aos Estados Unidos, embora Cid tenha declarado ao STF que Martins não estava na lista final.
O procurador Gonet destacou que Martins esteve envolvido na criação de um decreto que visava desestabilizar a democracia no Brasil, conhecido como a “minuta do golpe”, e na busca de apoio militar para essa ação. Em sua defesa, Chiquini enfatizou que condenar Martins seria basear-se em declarações de Cid, que, segundo ele, não possui credibilidade.
A defesa de Fernando de Sousa Oliveira, ex-integrante do Ministério da Justiça, também se manifestou, negando as acusações contra seu cliente, que não teria a hierarquia necessária para influenciar as ações da PRF. O julgamento ainda contará com as defesas de outros réus, incluindo o general Mário Fernandes, que possui uma situação complicada devido à descoberta de documentos em seu computador relacionados a planos de assassinato.
Os réus são acusados de gerenciar iniciativas da organização criminosa, tendo suas atuações fundamentais para a caracterização dos crimes denunciados pela PGR.