Adiado Assinatura de Acordo entre Mercosul e União Europeia
Expectativa de assinatura em janeiro de 2026 após frustração na cúpula em Foz do Iguaçu

FOZ DO IGUAÇU, PR - A confirmação do adiamento da assinatura do acordo entre a União Europeia e o Mercosul, que estava marcada para o próximo sábado (20), gerou um clima de frustração entre os representantes do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O evento, que ocorre na cidade paranaense, reúne diplomatas do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai para discutir os preparativos da cúpula do bloco sul-americano.
Os diplomatas se reuniram nesta quinta-feira (18) e, ao receberem a notícia do adiamento, foi sugerido que os participantes fizessem uma pausa para assimilar a informação. Apesar do clima tenso, a reunião seguiu seu curso. Embora a frustração tenha marcado o evento, assessores de Lula indicam que a situação não é um desastre total, pois ainda existe a possibilidade de que a assinatura ocorra em um futuro próximo, com expectativa de avanço em janeiro de 2026.
A decisão da União Europeia é considerada negativa para o Brasil, que passará a presidência rotativa do bloco sul-americano para o Paraguai no próximo ano. A assinatura do tratado era vista como um marco importante para Lula, especialmente em um ano eleitoral.
Os países do Mercosul, por sua vez, preferiram não reagir de forma contundente às salvaguardas que foram aprovadas pela União Europeia, evitando qualquer ação que pudesse prejudicar o acordo. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, declarou que um conjunto de salvaguardas comerciais seria discutido apenas após a assinatura do acordo.
Nos bastidores, membros do governo brasileiro afirmam que o Mercosul não é responsável pelo novo impasse e que o adiamento reflete a dificuldade política enfrentada pela União Europeia. As negociações que antecederam a cúpula foram marcadas por tensões entre países favoráveis e contrários ao tratado, sendo a França um dos principais opositores, pressionada por seus agricultores.
A decisão de adiar a assinatura foi influenciada por uma conversa entre Lula e a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, que solicitou mais tempo para convencer os agricultores italianos sobre o acordo. Lula também conversou com o presidente francês, Emmanuel Macron, sobre a necessidade de mais tempo para a negociação.
Horas depois, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou que o tratado não seria assinado no Brasil conforme o planejado. A expectativa inicial era que a presidente e o presidente do Conselho Europeu, António Costa, estivessem presentes na cúpula, mas ambos cancelaram a viagem.
Marcos Troyjo, ex-secretário de Comércio Exterior, comentou que o adiamento diminui as chances de uma parceria entre os blocos, considerando a competição entre EUA e China. "É uma grande derrota para a União Europeia não conseguir firmar o acordo", afirmou.