Relatório do UNICEF revela que 417 milhões de crianças vivem em pobreza extrema
Estudo destaca a necessidade de políticas públicas para erradicar a pobreza infantil

Um estudo divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) aponta que mais de 400 milhões de crianças enfrentam sérias privações em todo o mundo, com 417 milhões de meninos e meninas vivendo em condições de pobreza multidimensional, que afetam sua saúde, desenvolvimento e bem-estar.
A pesquisa, que abrange dados de mais de 130 países de baixa e média renda, analisa a pobreza em seis áreas principais: educação, saúde, moradia, nutrição, saneamento e água. De acordo com Liliana Chopitea, chefe de Políticas Sociais do UNICEF no Brasil, a pobreza vai além da falta de dinheiro, incluindo a ausência de acesso a serviços essenciais.
O relatório destaca que 65% das crianças em países de baixa renda carecem de acesso a banheiros, percentual que diminui para 26% em países de renda média-baixa e 11% em nações de renda média-alta. Além disso, mais de 19% das crianças vivem com menos de US$ 3 por dia, a maioria delas localizadas na África subsaariana e no sul da Ásia.
Embora os números sejam alarmantes, o estudo também aponta avanços na luta contra a pobreza infantil. Chopitea ressalta que é fundamental que os governos tratem a pobreza infantil como uma prioridade nacional, implementando políticas públicas eficazes e integradas.
No Brasil, o último relatório do UNICEF sobre pobreza multidimensional, publicado em janeiro de 2023, revelou uma queda no número de crianças e adolescentes em situação de pobreza, de mais de 34 milhões em 2017 para cerca de 29 milhões em 2023. Essa redução foi impulsionada principalmente pelo aumento da renda, incluindo o fortalecimento do programa Bolsa Família.
O representante do UNICEF, Bainvel, alerta que 2024 poderá ser um dos piores anos para a infância desde a Segunda Guerra Mundial, citando o aumento da pobreza, violência, falta de vacinas e deslocamento de milhões de crianças. O UNICEF pede a implementação de novas estratégias globais e financiamento adequado para garantir os direitos da infância.