Paralisação do governo dos EUA gera crise alimentar e incertezas
Cerca de 42 milhões de americanos enfrentam escassez de alimentos devido ao shutdown histórico.
O governo dos Estados Unidos enfrenta uma das maiores paralisações de sua história, impactando diretamente a vida de milhões de cidadãos. Desde o último sábado, aproximadamente 42 milhões de pessoas que dependem do programa de assistência alimentar SNAP, conhecido como vale-alimentação, estão sem acesso garantido aos benefícios, após o fundo que financia o programa esgotar seus recursos.
Com a falta de financiamento federal, muitas famílias de baixa renda estão em risco de passar fome. Em uma decisão judicial, foi determinado que os beneficiários receberão apenas metade do valor que costumam receber. Um veterano de guerra do Missouri relatou: “Tenho que escolher entre pagar meus remédios, as contas ou comprar comida para mim e meus animais”.
A rede Feeding America, que coordena diversos bancos de alimentos nos EUA, registrou um aumento sem precedentes na demanda por ajuda. “Uma em cada oito pessoas nos EUA não tem o suficiente para comer. Se você é uma das sete que têm, é hora de agir”, declarou Linda Nageotte, presidente da organização.
Além da crise alimentar, o shutdown também compromete programas de saúde pública. Com o fim dos subsídios criados em 2021, o custo dos planos do Obamacare subiu, deixando muitos cidadãos de baixa renda sem cobertura gratuita. Em alguns casos, o valor dos planos dobrou.
O setor aéreo também é afetado, com cerca de 730 mil funcionários federais trabalhando sem remuneração, incluindo os controladores de voo, que já avisaram que não voltarão ao trabalho enquanto a paralisação durar. Na última sexta-feira, dois aeroportos em Nova York tiveram que suspender temporariamente pousos devido à falta de pessoal.
Durante a paralisação anterior, entre 2018 e 2019, o colapso do tráfego aéreo foi um dos fatores que levou a um acordo entre democratas e republicanos.
Enquanto milhões enfrentam insegurança alimentar, o ex-presidente Donald Trump foi criticado por realizar uma festa luxuosa, inspirada em 'O Grande Gatsby', um símbolo de ostentação e desigualdade.