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Inflação Abaixo do Teto Reacende Expectativas de Redução da Selic em 2026

Economistas projetam cortes nas taxas de juros a partir do primeiro trimestre do próximo ano.

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Inflação Abaixo do Teto Reacende Expectativas de Redução da Selic em 2026

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RIO DE JANEIRO, RJ - A recente queda do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) para 4,46% no acumulado de 12 meses até novembro fortalece a expectativa de um início de ciclo de redução da Selic, a taxa básica de juros, no primeiro trimestre de 2026, conforme análise de economistas.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, nesta quarta-feira (10), que a inflação medida pelo IPCA caiu abaixo do teto da meta de inflação, que é de 4,5%, pela primeira vez desde setembro de 2024. No comparativo mensal, o índice teve uma variação de apenas 0,18%, a menor para o mês de novembro desde 2018.

A divulgação ocorre no mesmo dia em que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) realiza a última reunião do ano para definir a taxa Selic, atualmente fixada em 15% ao ano. Economistas acreditam que a instituição pode adotar uma postura cautelosa e esperar um momento mais propício para iniciar cortes nos juros.

“Há um cenário se formando que indica uma possível queda na Selic a partir de janeiro, sem causar inquietação no mercado”, disse Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, referindo-se à desaceleração do IPCA.

De acordo com Vale, a trajetória de baixa da inflação é influenciada por diversos fatores, como a estabilidade do câmbio, a redução nos preços dos alimentos devido à safra abundante e a própria política de juros do BC. Ele prevê que o primeiro corte na taxa Selic deve ser entre 0,25 e 0,5 ponto percentual, com uma expectativa de Selic em 13% até o final de 2026.

Vale também alerta para desafios futuros, mencionando que o câmbio e os preços dos alimentos poderão não ser tão favoráveis em 2026. Ele acredita que o IPCA permanecerá abaixo do teto de 4,5% ao longo do próximo ano, mas que só atingirá o centro da meta de 3% em 2027.

No mês passado, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, afirmou que a meta a ser perseguida deve ser a de 3%, e não o limite superior de 4,5%. Com a trégua observada no IPCA, membros do governo Lula e empresários intensificaram os pedidos por cortes nas taxas de juros.

O BC, ao elevar a Selic para 15%, buscou conter a demanda por bens e serviços, uma vez que o crédito mais caro tende a aliviar a pressão sobre os preços. Contudo, essa estratégia tem como consequência uma desaceleração da economia, que já se reflete no PIB e pode se tornar um problema para o governo em ano eleitoral.

Felipe Queiroz, economista-chefe da Apas, defende que o país precisa de uma taxa de juros mais acessível que fomente investimentos e sugere que já haveria espaço para uma redução na Selic nesta reunião do Copom.

Em 2025, o BC passou a adotar uma nova abordagem para o cumprimento da meta de inflação, que considera o descumprimento quando o IPCA se mantém fora da faixa de tolerância por seis meses consecutivos. O IPCA superou a meta contínua pela primeira vez em junho.