Ex-presidente do INSS é acusado de receber R$ 250 mil mensais em esquema de corrupção
Alessandro Stefanutto foi preso pela Polícia Federal em operação que investiga fraudes em aposentadorias

BRASÍLIA, DF - A Polícia Federal revelou que Alessandro Stefanutto, ex-presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), recebia mensalmente R$ 250 mil em um esquema de descontos irregulares em aposentadorias. A prisão de Stefanutto foi determinada pelo ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), na quinta-feira (13).
A investigação aponta que Stefanutto atuou como facilitador de um grupo criminoso dentro do INSS, inicialmente como procurador-chefe e, posteriormente, como presidente do órgão. Segundo a PF, ele usou sua influência para assegurar a continuidade de uma fraude que gerou cerca de R$ 708 milhões em receita ilícita, consolidando-se como uma figura chave na organização criminosa.
Os pagamentos indevidos a altos gestores do INSS eram necessários para a manutenção de um esquema fraudulento que afetou mais de 600 mil pessoas e resultou em inúmeras reclamações judiciais e administrativas. A decisão judicial destaca que Stefanutto conferiu uma aparência de legalidade a operações ilegais, utilizando seu cargo público.
As investigações também revelaram que o ex-presidente do INSS avaliava e mantinha convênios com a Conafer (Confederação Nacional dos Agricultores Familiares), mesmo após receber alertas sobre inconsistências e possíveis fraudes. Ele autorizava o processamento de cadastros sem seguir os critérios legais adequados.
Os pagamentos mensais a Stefanutto eram disfarçados como honorários de consultoria e vinham de empresas ligadas ao operador financeiro Cícero Marcelino de Souza Santos. A prisão ocorreu no âmbito da nova fase da Operação Sem Desconto, que investiga um esquema nacional de descontos indevidos em aposentadorias e pensões, em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU).
A defesa de Stefanutto alegou não ter acesso à decisão de prisão e considera a detenção ilegal, afirmando que ele colaborou com as investigações desde o início. A defesa planeja buscar informações para contestar a decisão e acredita que provará sua inocência ao final do processo.