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Estudo Revela Que Sete em Cada Dez Jovens do Bolsa Família Deixaram o Programa Até 2025

Pesquisa da FGV aponta que a saída é mais expressiva entre os adolescentes e destaca fatores que influenciam a mobilidade social.

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Estudo Revela Que Sete em Cada Dez Jovens do Bolsa Família Deixaram o Programa Até 2025

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Um levantamento realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e divulgado nesta sexta-feira (5) revelou que 68,8% dos beneficiários do Bolsa Família com idades entre 11 e 14 anos em dezembro de 2014, assim como 71,25% dos que tinham entre 15 e 17 anos, deixaram o programa até outubro de 2025. A taxa de saída geral dos beneficiários, independentemente da idade, foi de 60,68% nesse mesmo período.

A pesquisa, intitulada "Filhos do Bolsa Família: Uma Análise da Última Década do Programa", utilizou dados do governo federal e acompanhou famílias cadastradas no Cadastro Único, cruzando informações entre 2014 e 2025.

Além disso, o estudo consultou a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) para verificar a inserção dos ex-beneficiários no mercado de trabalho formal. O coordenador da pesquisa, Valdemar Pinho Neto, destacou que os recursos sempre foram limitados nas famílias e que a saída dos jovens do programa pode indicar a sustentabilidade do mesmo no futuro.

A pesquisa também identificou que a taxa de saída entre crianças e adolescentes (de 6 a 17 anos) foi maior em áreas urbanas (67,01%) do que em áreas rurais (55,46%). Aqueles que trabalhavam na agricultura apresentaram uma taxa de saída menor (53,73%) em comparação a outras atividades (69,73%).

O ministro Wellington Dias, que participou da apresentação do estudo, enfatizou que os programas de transferência de renda têm como principal objetivo combater a fome e que, uma vez superada essa fase inicial, os beneficiários podem ter melhores condições para estudar e trabalhar, contribuindo assim para a superação da pobreza.

Entre os jovens que deixaram o programa, 79,40% tinham na família alguém com emprego formal, enquanto 65,54% contavam com pessoas que trabalhavam por conta própria. A pesquisa sugere que a segunda geração de filhos de beneficiários do Bolsa Família pode apresentar mais oportunidades de mobilidade social, dependendo do acesso ao emprego e das condições de trabalho.

Os dados ainda mostram que a taxa de saída é maior entre homens (71,46%) do que entre mulheres (55,86%) e varia de acordo com cor ou raça. A taxa foi de 71,78% entre brancos, enquanto pretos, pardos e indígenas apresentaram taxas de 63,78%, 61% e 44%, respectivamente.

Recentemente, o IBGE divulgou que a pobreza e a extrema pobreza no Brasil apresentaram queda em 2024 pelo terceiro ano consecutivo, com a taxa de extrema pobreza chegando a 3,5% e a pobreza a 23,1% no ano passado. Essa redução foi atribuída à recuperação do mercado de trabalho e à continuidade do pagamento de benefícios sociais, como o Bolsa Família, embora as disparidades regionais e raciais ainda persistam.