Correios planejam transferir imóveis para Emgea a fim de reforçar caixa
Medida visa acelerar vendas e facilitar captação de recursos financeiros

Os Correios estão considerando a transferência de parte de seus imóveis para a Emgea (Empresa Gestora de Ativos), com o intuito de acelerar a venda desses bens e garantir uma injeção imediata de recursos no caixa da estatal. A informação foi confirmada por fontes próximas às negociações e faz parte de um plano de reestruturação que busca viabilizar a contratação de R$ 20 bilhões em empréstimos, fundamentais para a saúde financeira da empresa até 2026.
As discussões entre os executivos dos Correios e da Emgea começaram no dia 30 de outubro, mas os detalhes da operação ainda estão sendo finalizados. A Emgea, que atua na gestão de ativos com inadimplência elevada, tem como principal ativo os créditos do FCVS (Fundo de Compensação de Variações Salariais), que garantem o pagamento de contratos do antigo Sistema Financeiro de Habitação.
No ano passado, a Emgea recebeu R$ 5,1 bilhões em créditos do FCVS, com R$ 1,6 bilhão apenas no primeiro semestre de 2023. Esse capital já ajudou a melhorar significativamente o caixa da empresa, que encerrou junho com um saldo de R$ 2,6 bilhões, quantia que pode ser utilizada para auxiliar os Correios.
A proposta envolve que os Correios transferirão um conjunto de imóveis para a Emgea, que pagará uma parte do valor de avaliação desses bens antecipadamente. A Emgea terá um prazo para estruturar a venda, seja diretamente ou por meio de um fundo imobiliário, e se a venda ocorrer por um valor superior ao acordado, a gestora receberá uma comissão.
A expectativa é que essa operação possibilite a venda de imóveis avaliados entre R$ 300 milhões e R$ 500 milhões, embora ainda não haja uma estimativa precisa do quanto os Correios poderão arrecadar a curto prazo. Além disso, a estatal está avaliando a possibilidade de criar um fundo imobiliário com o auxílio da Caixa Econômica Federal, embora essa proposta tenha avançado lentamente.
Os Correios pretendem finalizar os detalhes do plano de reestruturação nas próximas duas semanas, o mesmo prazo estabelecido para as instituições financeiras na nova rodada de negociações do empréstimo de R$ 20 bilhões. Em uma rodada anterior, um grupo de quatro bancos concordou em conceder o crédito, mas com taxas de juros consideradas altas.