Copom deve manter Selic em 15% enquanto Fed projeta corte nos juros
Expectativas do mercado indicam divergência nas políticas monetárias entre Brasil e EUA.

SÃO PAULO, SP - Na chamada Superquarta, que marca decisões sobre as taxas de juros no Brasil e nos Estados Unidos, o Comitê de Política Monetária (Copom) deverá manter a Selic em 15% ao ano. Em contrapartida, o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, é esperado para anunciar uma redução de 0,25 ponto percentual, ampliando a diferença entre as taxas dos dois países.
As expectativas do mercado são amplamente alinhadas, com todas as 34 instituições consultadas pela Bloomberg prevendo a manutenção da Selic. Nos Estados Unidos, a ferramenta FedWatch, do CME Group, sugere uma probabilidade de 87,4% para o corte de 0,25 ponto.
Na véspera, o dólar fechou em alta de 0,31%, cotado a R$ 5,437, influenciado pela entrada de Flávio Bolsonaro na disputa pela Presidência em 2026. Apesar das previsões, o mercado permanece atento às indicações tanto do Banco Central quanto do Fed sobre os próximos passos.
Ainda há divergências sobre quando o Brasil poderá iniciar cortes nas taxas de juros, com debates sobre se isso ocorrerá em janeiro ou março de 2026, ano eleitoral. O governo de Luiz Inácio Lula da Silva pressiona por reduções, o que poderá gerar críticas se a expectativa de manutenção da taxa se concretizar.
Os que apostam em uma redução já em janeiro citam a desaceleração econômica do país. Dados do IBGE mostram que o PIB cresceu apenas 0,1% no terceiro trimestre em relação ao anterior. Além disso, a projeção de inflação do boletim Focus caiu para 4,43% este ano, dentro do teto da meta.
Apesar disso, o Copom indicou que considera necessário manter os juros elevados por um período prolongado, e a taxa de desemprego, que está em 5,4%, demonstra resiliência da economia.
Nos EUA, a decisão do Fed será baseada em dados defasados devido ao 'shutdown' que interrompeu a coleta de informações econômicas. O último dado de inflação mostra uma desaceleração, mas é de três meses atrás. Entretanto, os pedidos iniciais de auxílio-desemprego caíram para 191 mil, indicando um mercado de trabalho mais estável do que se esperava.
Com a possível confirmação das previsões, a diferença nas taxas de juros entre Brasil e Estados Unidos deverá aumentar, beneficiando o real. O cenário atual favorece a estratégia de 'carry trade', onde investidores buscam empréstimos a juros baixos nos EUA para investir em ativos com juros mais altos no Brasil, o que tende a desvalorizar o dólar.