Bolsa cai mais de 2% e dólar fecha a R$ 5,46 após pesquisa eleitoral e ata do Copom
Expectativas políticas e decisões do Banco Central impactam o mercado financeiro.

SÃO PAULO, SP - A Bolsa de Valores encerrou o dia com uma queda expressiva de 2,41%, atingindo 158.557 pontos nesta terça-feira (16). O movimento é atribuído à divulgação de uma pesquisa Genial/Quaest, que aponta Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como líder nas intenções de voto para as eleições de 2026. O levantamento também posiciona o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), atrás do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
Além disso, os investidores reagiram à ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na qual o Banco Central reafirmou seu compromisso com a meta de inflação e a manutenção da taxa Selic em 15% ao ano.
O dólar, por sua vez, registrou uma alta de 0,82%, fechando a R$ 5,463, em um cenário de maior aversão ao risco.
A pesquisa Quaest, divulgada nesta terça-feira, mostra Lula à frente de Flávio Bolsonaro e Tarcísio de Freitas em um eventual segundo turno. Se as eleições ocorressem hoje, Lula teria 46% das intenções de voto contra 36% de Flávio, e 45% diante de 35% de Tarcísio.
No cenário em que os três disputam as duas vagas do segundo turno, Lula lidera com 41%, enquanto Flávio aparece com 23% e Tarcísio com 10%.
Os analistas de mercado interpretam a perda de força do governador Tarcísio como um sinal de preferência pelos candidatos da esquerda, especialmente Lula. Felipe Tavares, economista-chefe da BGC Liquidez, comentou que a pesquisa trouxe à tona o receio de que as mudanças políticas não se concretizem.
Daniel Teles, da Valor Investimentos, destacou que a pesquisa acentua a divisão na direita e sugere que o mercado deve continuar volátil até as eleições, refletindo as fragilidades do campo político.
Com relação ao Copom, a ata revelou que o Comitê tem maior confiança no processo de desinflação, mas continua mantendo uma postura firme em relação à taxa de juros. Otávio Araújo, da Zero Markets, observou que essa posição pode ser negativa para a Bolsa e setores que dependem de crédito.
Os dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos, que mostraram a criação de 64 mil empregos em novembro, também influenciam as expectativas em relação à política monetária do Fed, que pode optar por não realizar cortes na taxa de juros em janeiro, conforme análise de Leonel Mattos, da StoneX.