Bolsa Brasileira Ultrapassa 164 Mil Pontos Após Dados do PIB
Resultados econômicos mais fracos alimentam expectativas de corte na taxa Selic.

SÃO PAULO, SP - A Bolsa de Valores brasileira alcançou a marca de 164.456 pontos nesta quinta-feira (4), um recorde histórico, fechando acima dos 164 mil pontos pela primeira vez. Este é o terceiro dia consecutivo de recordes tanto durante o pregão quanto no fechamento.
O impulso do mercado ocorreu após a divulgação de dados do PIB (Produto Interno Bruto) do terceiro trimestre, que ficou abaixo das expectativas. O resultado, que mostrou um crescimento tímido de 0,1% em relação ao trimestre anterior, reforçou as apostas de analistas em um possível corte na taxa Selic, atualmente fixada em 15%, e gerou um aumento na disposição para investimentos de risco.
O Ibovespa, índice que representa o desempenho do mercado acionário brasileiro, atingiu uma nova máxima histórica de 164.551 pontos durante o dia. A leve queda do dólar, que terminou em R$ 5,310, também se alinha ao movimento de moedas emergentes e foi influenciada por dados dos Estados Unidos.
Conforme informações do IBGE, a economia brasileira apresenta sinais de desaceleração, após um crescimento de 0,3% no segundo trimestre e 1,5% no primeiro. Analistas esperavam uma variação positiva de 0,2%, segundo a mediana das projeções da agência Bloomberg.
A economia começou o ano com um desempenho robusto, impulsionada pela safra recorde de grãos, mas já mostrava sinais de desaceleração no segundo trimestre. Para Rafael Perez, economista da Suno Research, o PIB brasileiro vive três fases distintas em 2025: um primeiro trimestre forte, seguido de uma desaceleração no segundo e uma acomodação no terceiro.
Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado, ressalta que o crescimento mais lento reduz os riscos inflacionários e aumenta a urgência para que o Copom considere cortes na taxa de juros. Otávio Araújo, consultor sênior da Zero Markets Brasil, complementa que os dados indicam que o ciclo de alta da Selic pode estar chegando ao fim.
O Banco Central, por sua vez, defende a manutenção da taxa em 15% por um período prolongado. Durante evento da XP Investimentos, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, destacou que o mercado de trabalho no Brasil está aquecido, o que pede cautela nas decisões.
No cenário internacional, a atenção se voltou para os dados econômicos dos EUA. O Departamento do Trabalho reportou que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego totalizaram 191 mil na semana encerrada em 29 de novembro, abaixo da expectativa de 220 mil. Entretanto, um relatório recente indicou uma queda no setor privado, com a perda de 32 mil empregos em novembro.
A decisão do Fed sobre juros deve ser complexa, uma vez que a coleta de dados importantes foi prejudicada pela paralisação nos EUA. A atualização do relatório 'payroll' está prevista para 16 de dezembro, após a próxima reunião do banco central americano.
Para o mercado de câmbio, a diferença de juros entre Brasil e Estados Unidos continua a ser um fator determinante, especialmente em um cenário onde a Selic permanece alta e o Fed indica cortes em suas taxas.